"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

sábado, 30 de setembro de 2017

O lado bom da solidão


Simone Demolinari


Há uma constante reclamação, tanto dos homens quanto das mulheres, sobre a dificuldade de encontrar pessoas interessantes para se relacionar. Na verdade, conseguir uma parceria afetiva de qualidade nunca foi fácil. Porém, antigamente nossa cultura era mais casamenteira e as mulheres mais dependentes, o que contribuía sobremaneira para o casamento acontecer e durar. Hoje a dinâmica mudou. A mulher ganhou independência e a cultura passou a não condenar tanto quem opta por ficar sozinho. 
Uma questão que tem contribuído para as pessoas escolherem a vida de solteiro é o medo de perder a individualidade. E isso tem lá suas razões. Alguns relacionamentos exigem muito, inclusive que a pessoa mude o jeito de ser para se adaptar ao do outro. E assim o custo benefício da vida a dois passa a não ser tão interessante e muitos acabam preferindo ficar solteiros a ter toda aquela amolação.
Somado a isso, o famoso “medo da solidão” que antes causava pavor em muita gente parece que vem diminuindo com o passar do tempo e com o avanço tecnológico. As pessoas têm descoberto que ficar sozinho não é algo tão tenebroso quanto parece. Aliás, quanto mais uma pessoa for competente para ficar sozinha, mais preparada para a vida afetiva ela estará. Isso porque a solidão é uma ótima forma de autoconhecimento. É na solidão que o indivíduo entra em contato consigo mesmo e tem oportunidade de conhecer suas fraquezas e suas forças.
Outra questão que algumas pessoas descobrem quando passam um tempo sozinhas é que o equilíbrio emocional, a paz e a harmonia são emoções encontradas dentro de si, e não a partir do outro (aliás, o outro tem mais o poder de tirar o equilíbrio do que acrescentar). Essa descoberta é muito significativa, pois fortalece sobremaneira quem a vivencia e quebra um grande mito do ideal romântico de amor, onde há a crença de que o par afetivo irá preencher todo o vazio existencial e nos tirar da solidão. Na prática, isso não ocorre. A prova disso é que, mesmo estando acompanhado, a sensação de incompletude não é eliminada. Uma citação adequada para o contexto é a de Fernando Pessoa: “Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um”.
Todas as pessoas deveriam passar um tempo sozinhas para restabelecer um diálogo interno, descobrir o poder pessoal e aumentar a autonomia emocional. O encontro consigo pode ser excelente ponto de partida para estabelecer parcerias afetivas de boa qualidade. Afinal, fica mais à mercê da solidão quem não sabe que tem a si mesmo. 

Fonte:  http://hojeemdia.com.br

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