"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sobre o voto para presidente


 Claudio Oliver


Sobre voto para Presidente: 

Sinceramente.... eu nem votaria. Não por que rejeite a Dilma, nem por que tenho um asco especial por tudo que emana do PSDB e fede como toda emanação, nem por que Acho a Marina fraca, ou porque veja em algum outro algo que me desagrade. Mas sim porque tudo o que vejo são variações, à direita e à esquerda, mais ou menos participativas, mais ou menos intolerantes, de uma mesma coisa: a crença nos deuses deste presente século, que já nos causaram tudo de ruim, da fome às guerras, dos desmandos à acumulação, dos "ismos" à falta deles. Falo dos dois entes antropomorfizados "O Mercado" e "O Estado", invenções tão antigas como os faraós ou os gregos. Na falácia de todas as democracias, que ao atingirem o tamanho do não conhecer mais o outro, se diluem em votos e representações. Esses deuses tem suas vacas sagradas, e estas são adoradas e intocadas por todos, de qualquer matiz: O Progresso (nunca questionado como causador dos problemas, sem se perceber que se pode progredir em direção ao abismo), O desenvolvimento, esse substantivo inventado em 1948 (Sachs, W. Dic. do Desenv. ed. Vozes) e que sempre colocou no mesmo lugar, seja um Fidel ou um Kennedy, Um Stalin ou um Roosevelt, e que continua sendo a cenoura na frente do burro, que ao buscar tal coisa, esquece da possibilidade de ter acesso à vida abundante (ou Shalom, ou Salam, ou Teko Porã, ou Sumak Kawsay ou Suma Qamana, Vida em abundância - use o idioma ou tradição que desejar, todos os povos originais descrevem o mesmo estado: O BEM VIVER). A educação, este instrumento simplificado, criado no séc. XVI, substituto da paideia (ou da formação no meio todo educante, ou no caminhar de pais com filhos.. escolha sua opção) e que é bem definida por Tolstoy como "transformar alguém em alguma coisa de acordo com o interesse de outro alguém". Que insiste em dar uma consciência exógena no lugar da inspiração. A segurança, traduzida como tratar doenças, ao invés de uma vida plena, onde não só o viver, mas o morrer é celebrado como parte de um ciclo, e que se baseia em mais médicos, mais remédios, mais postos, mais ambulâncias e nunca em mais vida. O Crescimento, impossível de ser continuado, que causa preocupação quando o país não cresce, quando o que seria sustentável seria o Decrescimento lúcido, desejado e buscado como forma de nos reenquadrarmos no bioma que nos acolhe como criaturas e não como fonte de recursos de nossa propriedade. Vou votar, sim, vou votar, em alguém.... por que com ou sem meu voto, vou ser governado, mas declaro claramente, que ninguém me representa, por que ninguém , além do iniciador de minha tradição, me propõe ser simples como as pombas, dar a outra face, amar o outro como ato primeiro, buscar a vida em abundância, deixar vir as crianças, cuidar de meus irmãos de criação, sejam eles humanos, plantas ou animais. E adoraria ver um somente, que subisse em um palanque para desafiar os dois entes idolátricos, e suas vacas sagradas. E que usassem, ao invés dos sonhos e ideais - que tanto fazem de todos nós uns gregos requentados - o uso da imaginação, que optasse por não crescer, não educar, não agredir e jogar nosso coletivo no caminho de uma vida mais simples e menos idealizada. Bem.... tenho de ir fazer minhas obrigações. 
Bom Dia.

[Claudio Oliver - publicado no facebook em 18/09/2014]


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