"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

domingo, 18 de maio de 2014

Presente e futuro - A ameaça que pesa sobre o indivíduo na sociedade moderna

C. G. Jung

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O reconhecimento das sombras conduz à modéstia fundamental de que precisamos para admitir imperfeições. Esse reconhecimento e constatação conscientes devem sempre acompanhar as relações humanas. Estas não repousam sobre a diferenciação e a perfeição, pois estas apenas ressaltam as diferenças ou trazem à tona exatamente o oposto; ela se baseia sobretudo nas imperfeições, naquilo que é fraco, desamparado e necessita de ajuda e apoio. O que é perfeito não necessita dos outros. Já o fraco se comporta diferentemente, buscando apoio no outro e, por isso, não se contrapõe ao parceiro nada que o coloque numa situação inferior ou mesmo que o humilhe. Tal humilhação só pode acontecer facilmente quando num idealismo desempenha um papel por demais eminente.

Esse tipo de reflexão não deve ser considerado um sentimentalismo superficial. A questão das relações humanas e da conexão interior é urgente em nossa sociedade, dada a atomização dos homens, que se amontoam uns sobre os outros e cujas relações pessoais se movem na desconfiança disseminada.
Onde a insegurança jurídica, a espionagem policial e o terror estão ativos e operantes, os homens buscam inclusive o isolamento que, por sua vez, é o objetivo e a intenção do Estado ditatorial, fundado sobre a aglomeração do maior número possível de unidades sociais impotentes. Diante desse perigo, a sociedade livre precisa encontrar um elo de ligação de natureza afetiva, um princípio como por exemplo o da caridade que representa o amor cristão ao próximo. A falta de compreensão gerada pelas projeções compromete justamente o amor pelos outros homens. Sendo assim, o mais alto interesse da sociedade livre deveria ser a questão das relações humanas, do ponto de vista da compreensão psicológica, uma vez que sua conexão própria e sua força nela repousam. Onde acaba o amor, têm início o poder, a violência e o terror.

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