"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O homem da minha vida



Ela não tinha um homem, marido, companheiro, amasiado, namorado ou coisa que o valha.

Isso seria perfeitamente tranquilo para algumas mulheres. Não para ela.

Tornara-se uma obsessão afetiva, que, por conseguinte, transformaram-se em verdadeiros antolhos existenciais. Numa linguagem direta: cabrestos do olhar.

Enxergava tudo ao seu redor sob tais lentes: a falta, a lacuna, a ausência dele.

No princípio, deixou de fazer muitas coisas que eram importantes e prazerosas a ela.

Afinal de contas, não havia encontrado sua “cara-metade”, “alma gêmea”, o “homem da sua vida”.

Com o passar dos anos, estimulada e incentivada por amigos, colegas e familiares, começou a retomar a vida.

Foi ao cinema com amigas. Esboçou um sorriso amarelado.

Pensou consigo: “filme até bacana. Mas continuo sozinha”.

Afinal de contas, não havia encontrado sua “cara-metade”, “alma gêmea”, o “homem da sua vida”.

Foi a alguns shows musicais, teatro, exposições de arte.

Culturalmente falando, tudo em perfeito diapasão com o que gostava.

Após tais vivências, a fala era inarredável: “interessante. Mas continuo sozinha”.

Afinal de contas, não havia encontrado sua “cara-metade”, “alma gêmea”, o “homem da sua vida”.

Nas conversas com colegas de trabalho e amigos, não importa qual era a pauta, o assunto do dia, ela dava um jeito e inseria o tema: sua busca pelo companheiro.

"Vocês viram como está situação das enchentes no país, principalmente no Espírito Santo e em Minas Gerais?", alguém conversava no ônibus, a caminho do trabalho.

"Com essas mortes, diminui minha chance de encontrar alguém", pensava consigo.

Passado algum tempo, e mantida tal situação, ela conhece um sujeito bacana.

Começaram a se aproximar cotidianamente.

Num dado momento desses contatos, ela diz a ele: “você é o homem da minha vida”!

“Impossível”, ele respondeu prontamente.

Por quê?, indagou assustada.

“Simplesmente porque já sou o homem da minha própria vida”.

E saiu andando, sem olhar para trás...


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