"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Expectativa e esperança

A história do ser humano contemporâneo é a história do desvanecer da esperança e da ascensão das expectativas. E para entender isso é necessário redescobrir a diferença entre a esperança e a expectativa. A esperança é confiar na bondade implicita na natureza, enquanto expectativa é a confiança nos resultados que são planejados e controlados pelo ser humano. A esperança centra o desejo na pessoa de quem se espera uma dádiva, um presente. A expectativa olha para a satisfação de um processo previsível que há de produzir o que temos o direito de exigir. O ethos do ser humano prometáico eclipsou a esperança, e a sobrevivência deste ser humano depende da redescoberta da esperança como força social, (assim diria Ivan Illich). Eu assumo que, quando olho o mundo, espero o pior. Não vai dar errado, já deu. E dormir, se distrair e fechar-se em si, parece o melhor a fazer para a maioria. 

Dorme-se embalado pela fé na religião da modernidade. Na expectativa de que um dos objetos de sua fé acabará por dar um jeito: de que a ciência vai dar um jeito de nos levar a outr planeta, de que a tecnologia vai encontrar uma nova saída para a destruição por ela gerada, de que uma ideologia encontrará o equilíbrio entre os diversos direitos, de que o mercado dará a todos emprego, ou que o estado a todos deverá proteger e de que a Educação dará conta de fazer o mundo melhor, seja para a direita ou para a esquerda. 

Esperança e expectativa são ambas frutos das apostas que fazemos, não de nossas certezas. A diferença está no saber ou não que se está fazendo uma aposta. E trazendo a memória o que me pode dar esperança, diante da aposta que todos fazem em seus objetos de fé, me pergunto quem está maluco: quem aposta que iremos ter uma nave a nos levar para outro planeta, ou uma tecnologia a nos devolver os peixes, plantas e atmosfera perdidos, ou uma política pública justa com o mundo, que existe emprego para todos ou que realmente escola e educação criam um mundo melhor? OU quem, como eu, decide apostar (sim amigos, é aposta.... se fosse certeza não seria necessária nenhuma fé) que Existe um Deus, que viveu entre nós, que prometeu redenção e que tudo a ser feito é por graça e não por mérito. Fé que espera a dádiva da redenção como alternativa à danação na qual nós mesmos nos colocamos.

Senhores e senhoras... façam suas apostas..... boa sorte, boa expectativa ou boa esperança. Bom dia 

(para o texto original de inspiração: Deschooling society, pag. 105; imagem nest post do mito de prometeu e epimeteu e o registro da gratidão pela amizade com Sam Ewell, a quem dedico este post)



Claudio Oliver

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